"Heróis à moda dos Açores", em Toronto

07-11-2013 21:34

Tive o praze de participar na XVI Semana Cultural Açoriana da Casa dos Açores do Ontário, a apresentar, junto da coautora Humberta Araújo a obra "Heróis à moda dos Açores".

Deixo-vos, abaixo, o discurso que proferi, bem como algumas fotografias da sessão.

 

 

"Boa noite! 
Participar, pela segunda vez, numa semana cultural desta Casa é uma enorme honra. Este espaço (que me atrevo dizer que é o melhor, comparando com outras instituições do mesmo género espalhadas pela Diáspora) tem nas pessoas a sua maior riqueza. Tenho, assim, que parabenizar a D. Lucilia Simas que tem dirigido os destinos desta casa, junto de uma equipa incansável. Este tipo de festas inclui sempre um enorme empenho por parte de muitos que, sem darem diretamente a cara nesta semana, estão por detrás do sucesso das Semanas Culturais a que já nos habituaram em Toronto.
Quero agradecer aqui a duas pessoas: a Matthew Correia e a Melissa Simas. O Matthew tem acompanhado o meu percurso e todos os meus projetos de perto e não deixa de acreditar na importância da promoção da literatura açoriana junto da nossa Diáspora. E a prova disso mesmo é estar aqui, hoje, a apresentar esta obra para todos vós. A Melissa acreditou em mim e apoiou a candura das minhas intenções na minha primeira deslocação aqui. Não passou tanto tempo assim, mas deixei de ser o menino de 14 anos e de Rabo de Peixe que escreveu um livrinho, para ser o Rúben, sempre de Rabo de Peixe, mas agora com 16 anos e mais alguns sonhos na cartola.
Antes de prosseguir, creio que nunca é demais agradecer à nossa transportadora aérea, na pessoa do Dr. Carlos Botelho, que tem apoiado, sempre, através da SATA Express, as minhas vindas ao Canadá. A ele também o meu muito obrigado! A Sata está a realizar um excelente trabalho com promoções incríveis a partir de todas as ilhas dos Açores para estes destinos, tornando possível um intercâmbio de culturas cada vez mais eficiente. 
Antes de falar da obra em si (que já foi, e muito bem, apresentada pelo sr. Prof João Pedro Faustino e pela Humberta, que aproveito para agradecer a disponibilidade de se envolverem neste projeto), vou falar um pouco da coleção: "Heróis à moda de..." é um conjunto de 9 livros diferentes (do Porto a Lisboa, da Madeira aos Açores), que tem como principal objetivo dar maior importância à nossa cultura, aos nossos falares e às nossas gentes, abordando, através de muito humor, muitos dos nossos grandes heróis.
E o nosso livro não fugiu à regra: foi coordenado por mim, mas é composto por cinco contos de autores diferentes. Um deles meu, que aborda as 9 ilhas, outro da nossa amiga Humberta Araújo,sobre Santa Maria, outro da Dra. Gabriela Silva, sobre as 9 ilhas, outro da Paula Espada, especialmente sobre a Ilha da Terceira e, por fim, outro da Rita Bonança que reconta, de uma forma mais humorística, uma lenda da ilha de São Miguel: "Mem de veras foi aqui que a porca furou o pico?".
Peço desculpa se há aqui alguém da Agua de Pau, mas esta história não poderia deixar de fazer parte do nosso livro.
Há expressões do linguajar das nossas ilhas que não devemos perder. São a essência da nossa cultura e fazem parte integrante do nosso património linguístico. Tenho a certeza que se vão rir de vontade com algumas expressões que já teriam esquecido e vão recordar através deste nosso trabalho.
Falar em heróis é difícil quando se é dos Açores. Temos mais heróis por metro quadrado do que em qualquer parte do mundo. Porque ser-se herói não é preciso ter dado a volta ao mundo ou ter realizado façanhas inexplicáveis . Temos o exemplo dos nossos heróis da Diáspora, aqueles que se aventuraram por mares desconhecidos em busca de uma vida melhor, para si e para a sua família. E comemorado os 60 anos da emigração portuguesa para o Canadá, nunca é demais falar neles. Estes são, também, os nossos heróis, a quem devemos respeito e admiração. E foi com enorme honra que soube que um dos nossos grandes heróis pioneiros é da minha terra: de Rabo de Peixe, o sr. Afonso Tavares.
Mas os Açores estão recheados de pessoas grandes na dimensão humana que contribuíram, e continuam a contribuir, para fazer da Região Autónoma dos Açores a porção de Portugal autónomo que hoje somos, onde “a geografia é tão importante como a história”, como dizia Vitorino Nemésio.

Caras amigas e amigos,

Não me quero alongar mais. Mas antes de terminar esta apresentação, tenho um último pedido a fazer: comprem este livro, porque não foi escrito por e para intelectuais. Foi escrito por pessoas que se preocupam em preservar a nossa cultura, as nossas tradições, gentes e falares, dirigido a todos aqueles que se orgulham em ser açorianos. Aqui os Açores não são 9 ilhas: são uma. E devemos encarar, sempre, a nossa terra, como um só meio, dividido em 9 pedaços mágicos de terra.

Obrigado e um bem haja!
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Ruben Correia 
Toronto, 7 de novembro"